Decisões !

Desistir não pode ser considerado uma fuga,mesmo que os dois significados tenham uma acentuada semelhança.Fugir é   fazer valer o medo,deixar que ele vença aquilo que chamamos de coragem,já que um não existe sem se sobrepor ao outro.E,na incerteza do que nos espera mais adiante deixamos aquilo de lado,fugimos do imaginário,optamos pela realidade presente.Desistir é o outro caminho,e só abandonamos um sonho quando além de incerto e sem futuro aparente, a realidade tem um sabor que não justifica os riscos inerentes ao incerto e não sabido,pois um sonho antes de deixar de se-lo é apenas isso,por mais que divaguemos.Pisar em chão firme,sólido,consolidado é mais garantido,mesmo que não tenha o sabor desejado e que não mostre um futuro tão bom quanto aquele sonho prometia.Promessas podem ser só promessas, podem ser doces realidades ou cruéis desenganos,até por isso a composição da palavra tenta explicar.Não há como criticar quem de sã consciência faz a opção,na verdade tem tanta coisa oscilando ,em jogo,que a decisão mais correta só o tempo irá mostrar,mesmo que ele não possa dizer nem avaliar sobre promessas que ficaram embutidas nelas mesmo.Aplaudo a tua desistência.Lamento tua fuga.

Alongando o olhar !

Vez que outra é salutar que nos afastemos daquele corre corre diário e dito normal.Não falo em afastamento físico,mas numa espécie de folga mental,coisa que chamo de alongar pensamentos,idéias,e deixá-los que se solidifiquem,amadureçam.Isso irá permitir que as decisões daí decorrentes sejam mais sólidas,que tenham um embasamento maior e ,por consequência,mais propensas ao acerto.É bem provável que ocasionalmente surja ,não um recomeço,mas um novo ponto de partida,com estruturas ,configurações e expectativas diferentes.Deixando para trás coisas e acontecimentos que não deram  totalmente certo ou que resultaram em erros  ou que apresentaram desilusões ou decepções,fica sem entraves o novo andar,o novo horizonte.Tudo o que se deve levar do que agora é passado são as boas lembranças e os ensinamentos que recebemos e que certamente serão úteis logo ali adiante.Não significa que deixem de ser cometidos outros tropeços ,nem que se deixe de ter novos fracassos e outras tantas satisfações,mas elas estarão escoradas na experiência e na eterna esperança do achado final,do encontro definitivo,aquele que encerrará a busca que, se era permanente, acabou agora ,ao te encontrar.Mas ,se esse novo começo também tiver seu epílogo,como outra consequência daquilo que chamamos de vida ou viver,sem nos dar conta que vida ou viver é consequência de cada um de nós ,que apenas usamos um eufemismo para fugir um pouco de nós mesmos,para tornar mais coletivo os atos  pessoais,recomece outra vez .

Morte aparente !

Os que ficam tem suas razões e seus motivos para chorar e lamentar a morte de uma pessoa querida,mesmo que nem sempre tenha sido assim.Houve através dos tempos a mudança de modo de ver e de postura em relação a ausência definitiva de alguém.Houve outro tempo,mais denso e de menor espaço, em que morrer era o ato supremo,a glorificação.Não sou adepto de nenhum desses extremos e como todos ocidentais que sabem algo ou  aculturados, também lamento a impossibilidade do reencontro físico,do pate papo,do abraço.Mas não acho que a pessoa morre,apenas desaparece,sai de vista,se deteriora e some seu corpo físico,sua " foto "perde a visão,não a vemos mais.Mas seu espírito,ou alma,como queiram,esta continua e continuará a existir em outro   elemento físico,outra fisionomia dita humana.Aquilo que ele havia sido designado para fazer foi feito e, se deixou algo inacabado, o próximo hospedeiro o fará e assim sucessivamente.Os encontros que não ocorreram,as paixões que não foram vividas por causa justamente desses desencontros ,certamente o serão,se não agora, logo logo.E é bem provável que ao acontecer esses encontros as coisas todas decorrentes da falta do passado sequer sejam lembradas,será vivido apenas aquele presente promissor e alvissareiro.Não existe morte para quem é bem quisto,existe ausência,há uma viagem em curso ,na qual cada um tem seu caminho próprio e mais cedo ou mais tarde daquilo que imaginamos os reencontros irão acontecer.

Não se meta !

A noite prometia ser interessante,afinal de contas os fatos do dia indicavam isso.Dia tranquilo,alguns problemas rotineiros solucionados,um lucro bem interessante no Jockey e conversas longínquas cheias de promessas e verdades e desejos comuns . Prometia, e tudo mostrava que seria assim,amigos,olhares interessados e alguns respondidos,naquele eterno vaivém da troca sem compromisso,quando o verdadeiro interesse está longe,e não é possível  fazer uso de suas benesses.A polenta frita,o pão de alho e a terceira caipira (o que conduz obrigatoriamente à rota alternativa para retornar a casa) ,se alternavam e as conversas corriam soltas e alegres . Sentados em uma mesa contígua  logo a frente estava um casal e se de repente a moça não se levantasse com o dedo em riste e falando alto,sequer teriam sido notados.Pegos de surpresa prestamos atenção ao caso para se inteirar do que acontecia,e entre acusações e xingamentos próprios . Antes que a coisa esquentasse mais, chegaram os apaziguadores e, sem saber como aconteceu,enquanto o rapaz saia para um canto a moça surgia sentada e agitada ainda,na cadeira desocupada em minha mesa,que na verdade nem mesa é,é um local exclusivo e só usado por mim.Enquanto ela procurava se controlar e pouco a pouco se acalmar,foi tentado um diálogo daqueles tradicionais,tipo isso acontece,conversando a gente se entende,aquele papo velho e gasto mas que ainda surte algum efeito.De qualquer forma ali ela ficou abrigada,sequer sei até hoje seu nome e mesmo que ainda estivesse agitada e fizesse críticas a seu parceiro com palavras pouco lisonjeiras,foi acalmada e retemperada com água mineral ( com gás) e conversas amenas.Não demorou muito e os ânimos já serenados o companheiro retornou de seu "exílio" e voltaram a ficar juntos,logo indo embora.Tenho a impressão que a atuação e o atendimento conjunto ao casal,mesmo que ela tenha sentado ali sem motivo aparente,talvez como o refúgio mais a mão naquele instante,colaborou para resolver o impasse .O que ficou claramente demonstrado mais uma vez é que não se deve tomar partido e sequer se meter em brigas de casais,pois evita-se o risco de ficar de mal com um ou com os dois,pois algum tempo após o fato,ambos estavam lá novamente,alegres e faceiros e nem reconheceram ou deram boa noite a seus "protetores".Outra coisa que chama a atenção é que nesses momentos de estresse emocional as pessoas perdem a claridade visual e até acho que não distinguem,veem apenas um borrão.Talvez esteja aí a explicação para não termos sido reconhecidos.

Prioridades!

Eu sei que a orientação que passam os ditos entendidos, é que não se deve reagir em hipótese alguma,quando sofremos um assalto ou sequestro .Tenho a impressão que ,no meu entendimento pessoal, é algo que não foi assimilado e muito menos aceito.Não houve concordância.E,deve ser por essas razões que reagi quando fui assaltado.Foi algo inerente,sem controle,está no sangue a reação automática,a resolução do problema sem recorrer a ninguém,pelos próprios meios,até porque além de não ter como buscar auxilio na hora,os outros sempre demoram mais que o necessário.No duro mesmo,acho que sou eu mesmo que descasco a fruta que quero comer.E briguei,bati e apanhei,fui roubado e agredido,mas quando me senti livre senti o doce sabor do dever cumprido,dever pessoal,um tipo de auto satisfação que tranquiliza os efeitos das perdas materiais e das machucaduras que sobraram.De todo o sufoco ,duas coisas acabaram por se tornarem as mais marcantes.A dificuldade de encontrar algum tipo de auxilio ,de qualquer auxilio,as pessoas te evitam,demonstram claramente que não querem se envolver .E a outra,a que me causa boas risadas até hoje ( o ocorrido já faz algum tempo )é quando fui registrar queixa na policia,para poder solicitar novos documentos e bloquear cartões,essas coisas. Foi de dar risada o espanto demonstrado pela moça que fazia o registro da ocorrência,quando solicitei a ela que desse ênfase nas anotações ao fato de que entre os pertences levados,eu não dava grande valor ao dinheiro,ou aos documentos ou  cartões de crédito,mas sim,que grifasse, que junto foi um jogo  da mega sena acumulada e que sofreria extração a posteriori,pois o mesmo vá lá que desse aqueles números.A atendente me olhou como se eu estivesse delirando,pois ali,machucado e vulnerável,todo o assaltado se sente vulnerável,indefeso,e eu querendo de volta um pretenso bilhete de loteria que dificilmente seria premiado.Ela engoliu em seco,mas anotou.E a não foi daquela vez que a mega saiu para mim.

Conflitos !

São dois filmes já antigos e de situações conflitantes entre si acho que já os vi cerca de cinco ou seis vezes .Sempre que sei que serão exibidos em algum canal dou um jeito de revê-los,pois há sempre um detalhe,uma frase ,algo que necessita ser revisto.Um deles é  "Na linha do tempo",que trata entre outras coisas de experiências científicas,onde uma equipe de pesquisadores de uma faculdade consegue retornar no tempo e vivenciar a experiência da guerra França x Inglaterra,por volta de 1325,ou coisa parecida.Eles tem dia e hora exata para retornarem aos tempos atuais,mas um deles encontra por lá uma moça e se apaixona por ela, e vice versa, e resolve abandonar sua vida de hoje e continuar naquela onde vive seu amor.É aquilo que classifico de entrelaçamento total,o encontro definitivo amor com a vontade de amar quem tem, e dá esse amor de volta.Popularmente diria que se encontraram a fome com a vontade de comer.A beleza de um gesto assim,que demonstra mais que uma atitude,demonstra o encontro daquilo que todos buscam é que faz não cansar de revê-lo.Se esse demonstra a fusão de sentimentos,no outro extremo sempre revejo "A princesa e o plebeu",versão italiana.Porque ali também acontece a grandiosidade de atitudes,o encantamento de amar e a tristeza infinita do abandono em razão de coisas e compromissos já assumidos e que não podem ser desfeitos.Se eles fossem viver aquele amor intensa e temporalmente certamente desmontariam estruturas,conceitos e afetariam um punhado de pessoas,o que mais dia menos dia repercutiria neles.Ela uma Princesa ,ele um plebeu se amavam mas não tinham futuro,nem presente,apenas a s breves lembranças que marcariam suas vidas.Ontem a tv mostrou um deles,vi até o fim.

Tangentes !

A gente sabe que não é um bloco corpóreo imutável e natiforme.Sofremos mudanças no andar da vida,sem considerar aqui se boas ou más,mas coisas muitas vezes determinantes em todos os dia a dia que se seguem .E,chega-se a conclusão que somos definidos por nós mesmos,por aquilo que fazemos,executamos,quer sejam coerentes com o que pensamos ou não.Todos sabemos de muitos que agem diferentemente por razões que não podem evitar e então sofrem ou se beneficiam de consequências que sequer foram buscadas.Simplificamos tudo e nos satisfazemos dizendo é a vida,são coisas dela,e assim por diante.É comum também nos arrependermos de algo que dissemos ou que afirmamos e depois pensando mais detidamente considerarmos que fomos longe demais naquilo que foi falado,se mostrou pouco ou demais do que queria e então nos encorujamos,nos abstemos de seguir adiante.Quase nunca pensamos se aquilo que foi falado pode ser exatamente o que o interlocutor queria ouvir,e nos recolhendo ,nos escondendo ,estamos deixando de levar adiante coisas muito boas,muito esperadas.É preciso que estejamos atentos para detalhes que podem definir toda uma situação e que através deles se chegue aos resultados sonhados,buscados e tão difíceis de encontrar.E na verdade quase nunca estamos antenados o suficiente e é provável que nossa antenação seja direcionada para o lado errado.Por isso sou partidário do livre falar,dizer o que pensa e o que sente,sem medos de ser incompreendido ou inconsequente,na real não há nada a perder,talvez um ou outro afastamento,e se houver é melhor que seja assim,pois quem se esconde é porque tem algo a esconder,talvez até medo de dizer e ser justamente isso o que foi comentado.Complicado?Nem tanto.

Dos tempos de Bagé !

Em meu tempo de estudante passei uma temporada em Bagé,tentando assimilar os conhecimentos transmitidos por um professor meio maluco (hoje reconheço)e que no final nem terminou o curso e se mandou para Aceguá.De qualquer forma ficaram boas lembranças e não me furto ocasionalmente de relembrá-las.Mas tem um fato que ficou marcado,talvez pela surpresa do momento e pelo inusitado do caso em si. Subia eu a rua principal em direção a um local específico ,quando sem que nem porque tive meu caminho interrompido por uma cigana,uma daquelas velhas e gastas ciganas tão comuns na época em todo o interior.Ela me olhou fixamente e disse que eu iria encontrar a mulher que eu queria quando menos esperasse,que iria demorar ,mas que iria acontecer.Disse ainda que eu seria sempre feliz,que toda a tristeza sempre passaria a meu lado,en las beiradas nas palavras literais dela.E se foi,assim como tinha aparecido.Lembro hoje que a minha primeira reação,já que fiquei pasmo e não falei nada,foi a percepção imediata que era a primeira cigana (e única até hoje ) que não pedia um dinheirito. Logo tais devaneios foram substituídos pela atenção as palavras dela e ao sorriso descrente  ,pois já tinha bastante experiência com elas nos  lugares que vivia ou frequentava.Continuei meu caminho certo de seu engano,mas sem esquecer e me perguntando porque ela não pediu nada em troca,coisa quase obrigatória nelas.E esse fato,quer quisesse ou não, emprestava um certo que de mistério e previsibilidade positiva a suas palavras.O tempo passou,ou ,como diz alguém que conheço,nós passamos e lá de vez em quando,raramente até,lembrava da velha cigana,com seu vestido multicolorido e esvoaçante.Nunca deixei de reconhecer que ela tinha suas razões,pois sempre fui feliz,mesmo nos momentos em que não havia motivos para tal.Questão de enfoque ,parece.Quanto a outra previsão,que dizer se depois de todo esse tempo previsto por ela eu te encontrei,como se tivesses sido orientada pela velha cigana,que certamente deve ter te dito: fulana ,não me faz de mentirosa,vai lá e faz ele feliz.E tu veio.E faz.

Segredos da alma!

Há alguns assuntos,coisas eminentemente pessoais e de uma intimidade tamanha, que guardamos com todo o cuidado e que de forma alguma revelamos.Minha maneira de explicar isso para mim mesmo é que são esses detalhes que fazem o meu pulsar,que me norteiam,que até podem demonstrar partes do todo em diversas outras respostas.Mas são gostos e definições pessoais,totalmente íntimas.E assim atravessamos dias,anos e séculos e séculos,aquelas coisas circulam dentro de nós e  nós as entendemos , nós sabemos de sua importância e seu valor em nosso conjunto físico espiritual.São coisas que a alma inventa ,cultiva e perpetua.Um exemplo rápido tipifica isso,quando alguém que pensa conhecer outro, surpreso diz que não sabia que fulana ou sicrano gostava de tal coisa, e fica pasmo.Mas tudo tem seu limite,as vezes alguns iluminados tem a felicidade de encontrar alguém que deve ouvir e conhecer plenamente ,em sua intimidade revelada,momento em que nos desnudamos e revelamos quem somos em toda a sua essência.Isso acontece raramente,apenas quando encontramos a razão maior da vida,aquilo que tudo transforma,que faz tudo valer a pena,o amor,ou mais especificamente ,a pessoa que habita em nós e nos sufoca de prazer.Para essa pessoa tudo é contado,tudo é revelado,ela tem de saber quem somos de fato.Se se der o encontro da troca,da reciprocidade,um pelo outro,já não são duas pessoas,é uma só,eles se uniram.Os segredos de ambos se juntaram, mas eles sendo um só,mantém   a individualidade .Encontrar essa pessoa é algo raro,ambos se acharem é de não deixar passar.Aqueles embaraços que naturalmente podem surgir tem de ser desvendados da mesma forma  que os segredos o foram,calcados na compreensão,na inteligência aguçada que o amor proporciona,escorados no fato de que é melhor estar ocasionalmente juntos do que nunca se encontrarem.

Olhos molhados !

Raramente procuro explicações para tudo que me acontece ou envolve. Tenho por influência aceitar as coisas assim como são,já que quase sempre elas são assim porque assim as fizemos.Por isso talvez não saiba explicar porque sempre que me apaixono o faço por mulheres de olhos molhados.E não me pergunte como são esses olhos,mas de lágrimas certamente não são a origem dessa umidade,mas eu os vejo assim.Talvez eu veja nesses olhos molhados o reflexo aquoso da emoção de me gostar,de me conquistar,como se fosse algo raro e impensado.E até nem é tanto trabalhoso,vamos dizer que até por ali,talvez seja ou baste ter essa luminosidade no olhar e que parece enxergar dentro de mim.Nos dias atuais ,a dita cuja ,de quem sou o dito cujo,percebendo-se aí que há uma confluência positiva,tem esses olhos adorados,seus olhos estão,quando comigo,sempre úmidos,sempre como se tivesse passado neles um verniz brilhante.Não sei se essa ou essas pessoas de quem falo são vistas da mesma forma pelos outros,e nunca  tive a curiosidade de esmiuçar esse fato e saber de suas razões,talvez porque seja mais comodo para mim aceitar as razões que argumento.Ou pelo fato de que são raras,quase inexistentes essas paixões arrebatadoras,como a de agora,jamais lembrei de tentar olhar os olhos de uma ex paixão e ver se seus olhos ainda se conservam daquela forma,até porque nunca atentei para isso e também não poderia chegar em uma delas e pedir para ver seus olhos.Certamente seria mal interpretado ou alguém com tendências perigosas.O problema,mesmo que isso não seja problema,é que jamais irei saber a resposta desse questionamento,pois os olhos molhados de agora são olhos que jamais secarão,estarão sempre úmidos,molhados,arrebatadores,definitivos.

Perguntas definitivas !

A reunião se estendia além de seu tempo costumeiro,mesmo que nunca tenha havido horário fixo.Mas fazia algum tempo que o grupo não se juntava com tantos participantes e as conversas e debates e brincadeiras e provocações se sucediam sem ligar para o horário.Os copos se esvaziavam e tornavam a se encher de todo o tipo de líquido,desde a água mineral (com gás)até sabores etílicos diferenciados.Discutia-se futebol,filosofia,acontecimentos ,coisas do dia a dia,quase nada de assuntos pessoais ou particulares.O ambiente era de festa e como tal tinha e devia ser encarado.,trivialidades muitas e pouca profundidade.De repente,naqueles silêncios que de repente acontecem por segundos,aquela pergunta de dedo apontado,portanto direcionada e direta: responde aqui para nós todos,em tua opinião a felicidade existe?De imediato me dei conta que havia chegado a hora das confidências,dos lamentos,da efusividade.O conteúdo ingerido ,fosse qual fosse, aliado ao adiantado da hora e ao sono que começava a se mostrar, mostrava seus efeitos,as pessoas se soltam mais,se abrem,até porque tem necessidade disso,faz parte de cada um e cada um a sua maneira.Iniciava ali a parte final do encontro,momento onde supostamente todos se encontram ou reencontram consigo mesmos,com suas dores,seus segredos e também suas alegrias.Instado a responder,em segundos vivi anos,relembrei coisas e fatos,encontros e desencontros,amores e desamores.Relembrei que,não importa o tempo ou a hora,mas lembrei que te encontrei,ou melhor,de certa forma te reencontrei,já que nunca de fato estivemos separados,sempre houve uma ligação,mesmo que escondida no tempo e na vida.Mas o mais importante é que estavas ali,me amando e sendo amada,com todas as limitações,mas vivos ambos, e palpitantes e sabedores que nos momentos que estivéssemos juntos a felicidade plena existiria.Sabe aquela expressão no rosto das pessoas que participam desse tipo de conversa em mesa de bar?Quando a expectativa de uma resposta dá a impressão que irá definir suas vidas,tal a intensidade da espera?Era assim que todos de olhar fixo aguardavam a resposta.Então eu disse que sim,a felicidade existe,ela tem nome,endereço,sorriso arrebatador e um olhar que  te abraça e é abraçado pelos  teus sentimentos .Quando tu ler isso saberás quem é.Unicamente tu.A definição que todos esperavam eu dei para mim mesmo.