terça-feira, 26 de março de 2013

Comendattore !

As vezes me pergunto como teria sido se no dia 26 de fevereiro de 1876, o vivente que mais tarde viria a ser Archanjo Arleo Petrarca,não tivesse desembarcado do navio Boulogne,no porto de Rio Grande.Certamente ele não teria tido toda a atuação e envolvimentos que teve aqui, onde fixou residência,nem teria gerado a sua prole e por consequência essa quase imensidão de descendentes que circundam hoje em quase todo o país.A vida dele e suas consequências nós sabemos,nem tão detalhadamente como gostaríamos,mas mesmo assim temos condições de fazer uma boa e fiel sinopse dela.Sabemos pouco de suas origens,e o que me me toma vez em quando algum tempo de imaginações é como seria a vida de todas essas gerações,cinco por enquanto,se ele tivesse ficado em  Papasidero,na Provincia de Cozenza,esta na Calábria siciliana.Me divirto imaginando as feições   e os" modus vivendi " de todos que por aqui volta e meia vislumbro.Certamente os cruzamentos derivados de todos os outros gerariam pessoas diferentes,até porque as matrizes originais e suas consequências também seriam diferentes.Mas o que me diverte é justamente essa incógnita que irá perdurar para todo o sempre ,já que estamos usando apenas o poder de vislumbrar coisas imaginárias.Aqueles que foram gerados aqui,de qualquer das gerações, sabemos de um modo bem amplo como são e como pensam, logicamente dentro dos limites de cada convivência.Mas aqueles que seriam ,ou no caso,foram gerados lá,com que intelecto conviveriam,com que se debateriam em suas necessidades,prazeres e alegrias e tristezas diárias?Simplificando,como seriamos nós lá na longínqua Itália? Eu, que acredito que tenhamos um pé na Mafia ,talvez não fosse um deles,provável que me tornasse um Comendattore,mas que teríamos algum mafioso na família isso é certo,até porque existem projetos aqui mesmo.Me pergunto se as mulheres oriundas seriam mais bonitas que as daqui,acredito que sim,pois a beleza italiana se sobressai.Já.aqui ,nos dias de hoje e em dias passados,o entrelaçamento sentimental entre os parentes sempre foi combatido e complicado e lá como seria,se houvesse?Talvez a causa maior da ausência quase absoluta disso hoje,seja um certo temor que esse vínculo traga a tona, reforçado,a índole familiar de suas origens.Gostei de me imaginar Comendattore.  

terça-feira, 19 de março de 2013

Exercícios de imaginação !

Tem vezes que me disponho e mentalizo situações que ,mesmo sendo figuras quase alucinantes,carregam em si um pouco de realidade,no mínimo uma realidade desejada,se não verdadeira. Sei que é algo que não resolve  e nem sequer cria qualquer expectativa,mas serve perfeitamente como uma divagação daquilo que ,agora sim verdadeiro,poderia ter sido uma realidade.E ,com seu desenrolar ilusório adquire uma beleza que lhe confere a plasticidade que a vida poucas ocasiões mostra.Nesses momentos quase mágicos,entro no meu túnel do tempo e me transporto para 400 / 500 anos passados e ,sem dúvida ,te encontro lá, a minha espera,como   se assim  sempre estivesse.Lá não acontece o desencontro daqui,lá somos um do outro e, parodiando o poeta,somos amigos de quem reina,seja a ou seja b.É bem verdade que não existia ainda a caipira e a cerveja,mas tinha o leite da cabra ,que naquele tempo era o afrodisíaco da moda,como se fosse preciso esse tipo de estímulo.Mesmo sem as produções pessoais de agora, a atração se fazia presente de forma poderosa e irresistível,acho que pelo cheiro.Também não havia perfume ,mas o aroma devia ser um atrativo a mais,uma espécie de imã que ataria e imantava.Interessante também que mesmo naqueles trajes tu eras linda e cobiçável,talvez até mais linda que hoje.Tudo andava bem,se vivia como sempre se quis,até tocarem na campainha,como agora,o que significa que o devaneio acabou.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Um foco só !

Todo aquele que se dedica a examinar com cautela e imparcialidade o conjunto de relações humanas,mais especificamente entre um homem e uma mulher,ou vice versa,para que não se diga que a ordem de  precedência indica  discriminação,de um modo geral  consegue estabelecer parâmetros quase definidos dentro de cada individualidade . Mas há, nas diversas nuances que existem,alguns casos que são mais alentados e atingem de forma diversa aquele que a isso está exposto.Quando uma pessoa ama outra ,ela está não só colocando o ser amado num pedestal que só aqueles que amam conhecem,como também está se sobrepondo a si próprio,pois entrega simbolicamente ao outro a expectativa de participarem juntos daquilo que buscam e que costumamos chamar de felicidade.Há,nessas situações,um fortalecimento intimo,uma conjugação de sentimentos,uma soma implícita em cada um.Ambos crescem,se fortalecem,houve uma soma.Em outra situação,quando acontece um caso de paixão,digo paixão daquelas avassaladoras,que derrubam até a muralha da China e que demonstram que aquilo estava há muito tempo guardado esperando a oportunidade de explodir.E quando foi deixada a brecha para que viesse a tona,o fez de uma forma que tomou conta de todos os pensamentos e de todas possíveis ações  dali derivadas,das mais volúveis aos atos mais heroicos imagináveis.Tudo na ânsia de viver alguma coisa dessa paixão.O raro,o caso difícil de acontecer,é as duas situações se darem em função da mesma pessoa,pois de uma forma geral elas ocorrem de forma intermitente,ora com uma,ora com outra diferente.Mas juntas e direcionadas ao mesmo foco torna o fato passível de uma atenção redobrada,pois quem é atingido por essa dualidade de amores concentrados,torna-se  quase dependente e alguém emocionalmente vulnerável.E se  a reciprocidade acontecer, ambos viverem para sempre o mesmo sonho ,pois não mudará a época e nem os detalhes físicos se tornarão fundamentais.Aquela paixão vai manter na mente de cada um o mesmo visual que encantou no momento supremo,jamais deixará de ser única e imutável.Essas coisas da vida,acontecem,ou poderão acontecer,com qualquer um,a qualquer hora e em qualquer tempo ou idade.Quem passar por isso,se dedique,aproveite,viva essa vida.

sábado, 9 de março de 2013

Re ...conhecer !

Tem vários  filmes que considero como "cults",aqueles que deixam uma cena ou uma frase que se perpetua em minha lembrança.Esses filmes não tem nada a ver com aquela classificação oficial dos críticos,é algo eminentemente pessoal.Posso nominar alguns ,numa visão rápida,como Poderoso Chefão,Perfume de Mulher,Cinema Paradiso,Sem Destino,Vicky ,e por aí vai,não muitos , mais uma meia dúzia talvez. Entre eles está inserido Thelma e Louise,um dos melhores símbolos relativos e condicionados a plena liberdade,mesmo que conquistada de forma forçada e pela intransigência ,pela falta de compreensão e ausência de critérios individualizados.Tem uma frase dita pela atriz que contracena com Susan Sarandon e da qual não lembro o nome e não vou procurar,que diz tudo o que uma pessoa pode afirmar de si mesma e que,antecipadamente,para quem está atento,deixa claro qual será o final dele,o filme.Após a série de atos ilícitos e ilegais que elas cometem,é bom salientar que foram sendo pouco a pouco empurradas e forçadas a isso,depois de  um assalto bem sucedido em um mercado,ela diz simplesmente,como quem naquele momento tivesse se achado e reconhecido seus valores e tendências:parece que sempre foi assim e que nasci para isso,estou absolutamente tranquila.O assalto,a transgressão por meio da intimidação violenta estava no seu âmago, ela era aquilo e soube que sempre teve essa índole mesmo que só agora tenha aflorado.Não havia aparecido antes por falta de oportunidade, talvez. A beleza do filme está na transmissão da ideia de liberdade,mesmo que ali ela tenha por forças outras se deteriorado.Por outro lado,um aspecto também fundamental é o instante que a pessoa se reconhece como realmente é,se aceita e ,sabendo disso,pode encaminhar sua vida .No plano sentimental ocorre exatamente a mesma coisa.Quando se gosta de alguém e se aceita isso,tudo fica mais fácil,inclusive a desistência,o abandono,até porque pode não ter outra solução.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Laura x Petrarca

Francesco Petrarca tinha um amor infinito por Laura de Novais e fazia dela a musa inspiradora de seus poemas.Por causa disso e para ela inventou o soneto,forma usada e reverenciada até hoje e uma das razões da perpetuação de seu nome.A outra razão de ser lembrado,citado e editado é a qualidade de seus versos,quase todos dedicados à Laura.Eram,e continuam sendo,tão bonitos e bem arranjados  as estrofes de suas composições que em determinada época chegou a ser literalmente plagiado por Camões,o eterno da língua portuguesa.Isso ocorreu no período de 1304 a 1374,época em que o poeta viveu.Quer dizer que o amor eterno e infinito,sem hora e sem explicações de como aconteceu,já vem de longe na família,tanto da parte masculina como feminina.Laura de Novais era casada e se coadunava com os costumes da época,nunca entre ela e Petrarca ocorreu nada de mais intenso,talvez um beijo roubado nalgum canto perdido.Ele frequentava a casa dela e tinha seu amor correspondido,mas ,usando termos atuais,nunca comeu ela,e ambos desejavam isso,que não aconteceu (me vem a lembrança e imagino o trabalho para tirar as pressas aquele mundaréu de roupas e espartilhos e calcinhas samba mais que canção,que necessitaria só para isso uma meia hora).Petrarca morreu em depressão por nunca ter atingido seus anseios verdadeiros,que não eram só comê-la,mas viver e fazer seus versos para ela ao vivo e a cores,pois as cores eram aquelas que tinha na alma.Laura se foi não muito depois,definhou pouco a pouco e foi ao encontro dele,onde devem estar até hoje.Hoje existe uma situação quase semelhante,só que não se aceita mais o amor platonico,se vive mais para a cornucópia mais imediata,saborosa e duradoura,quase eterna,já que eterna nem a vida é.Os Petrarca continuam muito parecidos, os de ontem e os de agora,só mais adaptados,mas amando do mesmo jeito.Ah, os meus versos eu não mostro.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Inté...

Faz tanto tempo que entramos um na vida do outro,que nem lembro mais se foi em silencio e sutilmente ou de forma ativa e tronituante.O fato é que ocorreu um entrelaçamento natural que fez as afinidades de idéias se transformarem em atos comuns e prazerosos,na imensa satisfação de estar juntos,do prazer contíguo,do dar e receber sem a preocupação disso.E esse é o caminho natural da paixão,do envolvimento total e que faz questão da presença cada vez mais constante.E é justamente nessa necessidade crescente e contínua que a porca começa a torcer o rabo.pois quando se tem compromissos anteriormente assumidos e que não podem ser desfeitos,tornam-se imperiosas as  ausências.E quando ela é por necessidade é mais dolorida,pois escancara a impotência de lidar com coisas assim.E é a impotência,em qualquer nível ou atividade, uma das maiores formas de frustração que conheço,talvez a que mais machuque.Uma paixão ,quando não vivida em sua plenitude,com todas as suas nuances que a caracterizam,se torna como algo de uma via só,uma estrada sem retorno,só de ida.E esses empecilhos,que pouco a pouco vão se avolumando levam obrigatoriamente a necessidade do afastamento,do dar um tempo,para que as emoções se assentem,permaneçam em seus cantos e se acalmem,e ,a partir dai, se tome medidas mais definitivas e mais conscientes..Isso tem um preço,e mesmo que sela elevado e dolorido,tem de ser pago,faz parte do amor que envolve essa paixão,o bem estar e a paz do outro,mesmo que essa paz contradiga as características da paixão.Mas é preciso buscá-la e pagar seu preço.Por isso,um abandono quieto,sem ruido,uma saída sem que seja fuga,apenas uma retirada,que poderá ser por um tempo ou ,o tempo dará a resposta,definitiva.