Free !

Em primeiro lugar a gente tem que aprender a ser livre para ter o prazer de exercer esse poder e aprender a valorizá-lo,dar o devido valor ao poder de ser livre e desimpedido.Na verdade toda e qualquer definição de felicidade ,ou qualquer nome que se dê ao principio ativo da auto alegria e satisfação,está intimamente associado ao ato de ser o próprio e único gestor de si mesmo.É muito boa a sensação de decidir,ou decidir não tomar uma decisão,baseado apenas em nossos conceitos íntimos,sem que soframos influência ou pressão de outrem.Numa situação assim tenho a impressão que nossas perspectivas ficam mais claras e com delineamentos mais apurados,tornando-as aparentemente mais exequíveis ,interessantes e promissoras.É claro que tudo isso tem um preço que é as vezes bem oneroso ,e mesmo que não se trate de custos numerários, a simples escolha do trajeto a seguir requer uma concentração mais apurada,pois quem decide só não deve se dar ao luxo de errar,pois o erro pode levar a caminhos de difícil retorno ou até de perder o foco para outras empreitadas.A liberdade ampla e irrestrita oferece uma amplitude de visão frontal sem fronteiras imediatas,mas é exígua em seus espaços laterais,o corredor é longo ,mas é estreito,pois temos apenas nós mesmos para dialogar.E,quando o assunto é conversa intima entre eu e eu mesmo não há jogo de cintura,não existe possibilidade de tergiversar,é o verdadeiro dá ou desce,conforme diz o conto.Apenas um cuidado fundamental nisso tudo,é que liberdade sem ter nada em vista,sem rumo e sem ninguém para sonhar deixa de ser, e se torna uma doença auto destrutiva ,que sem que se note constrói a própria prisão e o exílio de qualquer vivência.

A ilha !

É possível que todos os planos que fazemos à dois se realizem,e está dentro da normalidade,nada de miraculoso ou excepcional,apenas deu certo.Também está embutido na mesma situação a não realização,as coisas não se concretizaram e o planejado,o pensado  e sonhado falhar.Isso não é problema,é fato corriqueiro,mas pode causar problemas.O que acontece de fato é que quando uma ideia,um projeto, provém de duas cabeças ele se faz equânime,mas a execução desse projeto pode tomar rumos diferentes,com desvios importantes,afinal são duas cabeças a executarem de acordo com seus modos pessoais.E é justamente nesses desencontros que pode haver a ruptura do duto que transportava e abrigava o pensamento que era uniforme.O problema maior que pode causar e fatalmente irá surgir é que se torna muito difícil perceber o exato momento em que ocorreu o desencontro,o momento em que as engrenagens deixaram de se encaixar e que seria o instante certo para corrigir o rumo e trazê-lo ao fluxo  anterior .Como esse momento não foi sentido a tendência é que aumente a diferença de execuções de ideias, que irão influir em conceitos e posturas.E certamente se chegará ao ponto em que o entendimento não será mais possível,restará apenas continuar cada um de sua maneira a querer,quase certo que sim,as mesmas coisas,iguais e antigas,só que com outros meios de chegar até elas.Utilizando uma metáfora, eu diria que isso funciona mais ou menos como uma ilha.Se ela for "construída " perto da costa fica fácil o ir e vir ao continente,mas se deixarmos que ela se afaste e se entranhe mar a dentro quanto mais difícil ficará de ir e vir,até o dia em que o mar revolto a submergirá.Conheço um caso assim,quase idêntico,apenas foram algumas coisas alteradas para não identificá-lo,e depois de um tempo que pareceu longo demais houve um reencontro casual.Ambos, a sua maneira, chegaram onde queriam,desgastados,decepcionados,tristes como não eram quando não tinham ainda atingido aquilo que tinham agora.Chegaram separados e sem ter forma de  como ficarem juntos,todos os dias seriam presente,não havia mais o futuro sonhado.A ilha que eles um dia habitaram o mar engoliu.

A primeira vez !

Dizem que a primeira vez é sempre inesquecível e sempre será relembrada em qualquer coisa que se faça e que tenha logicamente relação de afinidade.De qualquer forma foi uma surpresa,e pior,além de surpreendido foi entendido num primeiro momento como uma ofensa,uma desconsideração.Porque ser abandonado no meio do caminho ou ser chutado simplesmente já havia acontecido bem mais de uma vez,mas nunca de forma tão fria e impessoal como o foi dessa vez,por  e-mail,pela Internet.Foi demais,cutucou meus brios,mesmo que não houvesse como reverter o caso,estava feito e pronto.Era necessário uma reação,não contra a abobada autora do feito,que se vai fazer,não quer mais não quer,aguente-se.Mas precisava reagir por si mesmo,para não entrar em onde de desânimo,que pode levar a uma fase de auto comiseração e auto desprestígio.Reações intimas enfim,que certamente  fariam dar a volta por cima e esquecer mais rápido,esquecer alguém que sempre foi considerada como inesquecível.Ler um livro que estava na espera seria uma tentativa ,mas como se concentrar no que estava escrito se a agressão sofrida(já estava considerando assim) predominava e ocupava todos os espaços.Foi num primeiro momento,numa reação automática e impensada que achou mais razoável responder com outro e-mail,mas dizer o que?Pedir penico nem pensar , a decisão mesmo que lhe causasse dor estava implicitamente aceita,até porque ela,a desgraçada,não tinha por costume fazer charminho e nem era de meias palavras.Tinha que achar a forma de defesa que conseguisse esboçar a melhor reação e até filosofar seria uma alternativa.Para complicar mais e aumentar o nível de tristeza e desconforto o feriadão logo começaria e a viagem programada foi cancelada.Sequer cogitou de saber qual a razão que a havia levado a tomar aquela decisão,não seria agradável,ou seria mais desagradável ainda,saber que foi substituído,logo ele que se considerava titular absoluto e vitalício.Derrota aplastante,isso é que foi.A reação que predominou e prevaleceu foi curtir a mágoa em casa.Pior que chovia e a chuva escorria pelos vidros,coisa que ambos gostavam muito,e escrever no blog,desabafar,botar para fora.Iria aliviar,com certeza.

E de-lhe façanhas !

É tempo da chamada e tão decantada Semana Farroupilha,onde os gaúchos em geral festejam e comemoram a revolução do mesmo nome.Diga-se de passagem que somos o único povo no mundo que comemoramos uma guerra perdida,onde os resultados se fazem sentir até hoje.Se refletem eles na postura de nossa gente,na arrogância e nos destempero de tentar  dar a entender aos outros que só nós somos machos,valentes e cheios de brios.Se aproveitássemos essa semana para reflexão honesta,cultivaríamos sim nossas tradições e folclore e costumes.Seria bom e útil,que em vez de ficarmos cantando nossas façanhas,que não existem ou se alguma há não são as cantadas e cultuadas,dessemos um tempo para visualizar a realidade que nos cerca. Nossa economia até bem pouco tempo se situava entre a terceira e quarta do pais,hoje ocupa o modesto sétimo /oitavo lugar.Nosso IDH,qualquer um ,desabou,estamos ano após ano nos tornando um Piauí do sul,sem menosprezar aquele Estado,tido como o mais pobre e de menor desenvolvimento no Brasil.A área educacional parece que deixou de existir,os alunos chegam até ao quarto ano ou série e não sabem ler e escrever e foram aprovados.O professorado recebe uma migalha,isso que o Governador estabeleceu um piso nacional quando Ministro e assinou a lei,mas aqui ele não o paga e contesta a ele mesmo fazendo assim.(É risível a Caixa fazer propaganda que o Professor aplica seus recursos nela,se aplicar não come)Até no futebol,onde eramos exemplo de virilidade e empenho vemos os outros nos ultrapassarem.Santa Catarina em 2014 terá 3 ou 4 equipes na Primeira Divisão e o mesmo número na Segundona.Paraná da mesma forma. E nós aqui continuamos com nossos dois representantes,onde além de grenalizar até quem vai primeiro ao banheiro temos raros jogadores oriundos da terra gaucha.Aqui é bom?É,mas já foi melhor e olha que falei em muito pouca coisa,tem mais,bem mais que necessita ser revisto,assim como essa ideia que temos que somos os bambas.O Rio Grande se acha,mas não é.Até quando?

Lado a lado !

Cada um tem seus padrões para que algumas coisas sejam condizentes e se encaixem em seu modo de pensar e de agir.São aquelas regras intimas que estabelecemos e que de um modo geral regem nossas atitudes e os desdobramentos que à elas conduzem.Quando por algum motivo que não conseguimos controlar saímos desse traçado, sempre ocorrem mudanças substanciais,tanto na nossa forma de encarar os fatos como na de agir em relação a eles.Isso acontece porque somos humanos e como tal,mutáveis,sejamos ou não influenciados por coisas externas .E se em todo esse emaranhado de atos e fatos de que se compõe aquilo que chamamos de viver,também estabelecemos parâmetros em relação a importância de outras pessoas em nossa vida,ou seja,as que influem de uma ou outra forma em nós,independente do grau de importância,mas sempre todas tendo um papel variável que conduz inevitavelmente a formação de nosso conteúdo digamos global.Passam por nós as boas,as más,as mais ou menos,indiferentes ou não,todo o tipo de mentalidades que se possa imaginar,e de uma forma ou de outra,muito ou pouco ou ao inverso,tem sua influência e valor.Até a mais negativa sob o ponto de vista emocional ajuda de alguma forma,pois serve como uma amostra daquilo que não devemos abraçar. Logicamente que sempre há o outro lado da moeda e também acontece,e aí já não é para todos mas só para os privilegiados,acontecem pessoas,uma ou pouco mais, que por uma ou várias razões ultrapassam qualquer tipo de mensuração(usando um termo mais compreensível já que não se mede seres humanos),fazendo parte permanente, tendo influência  até predominante em nossas vidas.São aquelas que chamo de detentores do poder de ultrapassar nossa avaliação,elas já estavam ali quando chegamos,são as que nos fazem extrapolar,exacerbar,ultrapassar as nossas possibilidades e criar outras em cima delas próprias.Eu conheço e tenho essa pessoa,voltou hoje sexta feira treze de uma longa viagem,mesmo que tenha estado sempre,para meu intimo,logo ali na peça ao lado.

Condomínio !

Um costume que consegui manter através dos anos foi o de me manter quase neutro em relação a vizinhança em todos os locais que morei.Entendo que o melhor tratamento que se pode dar à alguém que mora muito próximo de você é ser educado e cordial,cumprimentar e falar qualquer coisa do calor ou do frio e  pouco mais.Nada,absolutamente nada de intimidades ou de coisas mais pessoais deve ser aventado.Não combina comigo resolver pequenos contratempos solicitando  a assistência do vizinho,como na falta ocasional de qualquer coisa pedir ao lado ou na frente,sei lá.Triplico o incômodo mas não peço,saio e vou buscar ou fico sem.Pedir um ovo,uma colher de açúcar ou a erva mate que esqueci de comprar,jamais.Não se trata de arrogância ou qualquer outro tipo de pendenga,é apenas uma precaução,uma defesa antecipada,um ato preventivo.Porque,acredito eu,que uma coisa leva a outra e mais dia menos dia a vizinhança está dia e noite dentro do meu recinto e é justamente aí que prefiro ficar só,ou acompanhado por quem foi convidado. Em um local de fluxo mais ou menos intenso de pessoas conhece-se de vista muitos e pelo nome muito poucos,ainda mais quando se evita maiores aproximações.No meu prédio atual jamais entrei em apto de alguém e também nunca convidei ou incentivei alguém a fazê-lo em relação ao meu.Bom dia,boa tarde,você está bem ,vou bem obrigado e muito pouco além,na verdade não sei quem mora no prédio,raros que sei.Explico isso tudo porque me surpreendi quando a moça (+ ou - 30) no elevador,coisa que raramente uso, de chofre me perguntou quando eu ia mudar o repertório de músicas que eu ouvia todos os domingos,e acrescentou,já sei quase todas de cor e a ordem que tocam.Fiquei olhando para ela com cara de besta,mas logo dei conta que a dita cuja morava no andar de cima,as dos lados sei quem são, e que por algum motivo me monitorava.Tive que rir ,até para pensar numa resposta,quando ela acrescentou que se eu quisesse ela gravaria novas músicas para mim,era só dizer.Eu não havia dito uma palavra e já estava tudo encaminhado e resolvido por ela.Agradeci pela oferta e pela gentileza ,ainda na dúvida se ela estava me considerando um incapaz de fazer algumas gravações ou se procurava abrir uma porta,para quem sabe,por ela adentrar.Acrescentou que tinha uma excelente videoteca e que escolheria boas canções.Pensei comigo,ela é quem define,no caso,o que vou ouvir,tenho que me ater a suas escolhas.Perguntei qual o andar que morava,é o apto acima do meu,e respondi que poderemos fazer uma sessão de gravação,o vinho chileno eu tenho.tu seleciona teus cds. Ela irá ver o melhor dia ,mas acredito que será depois da novela que ela deve ver.Ah,ela é bem interessante,não é uma deusa,mas está bem distante de ser diaba.

Amostragem !

O difícil foi conviver diuturnamente com com a tentativa permanente,quase febril,de esquecimento,mesmo sabendo que isso não ocorreria.Ela era e é, simplesmente, inesquecível.Depois de muito tempo a aceitação gradual disso fez com que tudo ,ou quase tudo,se acomodasse e seguisse seu ritmo normal e nestas circunstâncias se encaminhavam para um adormecimento doloroso e dolorido daquilo que passou a ser a razão maior de toda uma vida ou o que dela fosse feito.A companhia desejada era sabida ,a forma de chegar até ela também era conhecida ,mas os caminhos estavam bloqueados por situações e acontecimentos anteriores que haveriam de repercutir para sempre e tornariam cada encontro numa expectativa de desenlace nebuloso e controvertido,tornando-os ansiosos e  portadores de limitações próprias do processo como um todo.Nesse longo período de alegrias intermitentes  não houve tempo nem vontade  de se auto propiciar novos rumos,apenas deixar o tempo passar para ver o que aconteceria,sempre tendo embutida a esperança,tênue e constante,de que algo ocorreria que faria alterar o ritmo daquilo que já estava estabelecido.É lógico que não ocorreu nada que propiciasse alterações substanciais,apenas fatos e coisas que eram resultados corriqueiros de situações banais,pois após o desenlace a própria negação de olhar para os lados fez com que tudo andasse em linha reta,sem variações que transformassem em outros atos coisas já tidas como definitivas.

Esse texto é parte de um dos contos que estarão presentes no livro em elaboração e que se chamará 20 contos de... Réis,com término previsto para o início de 2014.

Recado explícito !

Se enviei um recado,ou pedido,ou foi apenas uma forma de tentar chegar mais perto pouco importa,o que vale mesmo é a intenção,aliada a necessidade premente de se fazer novamente presente a situações e vivências com pessoas que nos interessam,nos atraem,nos fazem mais satisfeitos conosco mesmos,por as termos por perto.Se isso tem o nome de atração,que seja,mas é de fato algo que engloba não só a parte física,beleza física,mas  o conteúdo intelectual e mental de a quem se encaminha dita proposta.Essas pessoas que nos atingem de forma tão ampla e nos deixam quase indefesos não são os gurus individuais,são pessoas que nos extrapolam até pela sua simples presença,que atinge um grau tal de intensidade que nos motiva a ser para elas aquilo que elas são para nós.Isso não significa que queiramos copiá-las,ser igual ,queremos apenas nos colocar de tal maneira que seja equivalente e que elas vejam assim,que tenhamos sobre elas o mesmo poder de atração que elas sobre nós.Se for furungar lá bem no fundo talvez seja até uma declaração de amor,por que não,mas isso fica mais bem posto um pouco depois,não muito.Não se trata de competição,mas de soma de forças,que se tornadas equivalentes e com o mesmo rumo terão certamente muitos momentos de prazeres e "guloseimas" correspondentes.O bem estar e a alegria interior que sentimos ao estar juntos de alguém que preencha essa matriz não tem cartão de crédito que compre e só se tem ela se a pessoa que queremos é "achada".Chama-se  a isso,acho que é o melhor termo que define,afinidade ,cada um faz do outro a razão de seus excessos,suas discrepâncias,sua carências,seus sonhos reais. Sempre fui de me posicionar e ,se for o caso,emitir opiniões antecipadas,não como adivinhão mas como resultado de raciocínio, e neste caso acredito que haverá concordância,acredito que ela achará uma forma de superar seus temores para atingir afinal aquilo que ambos queremos