sábado, 31 de maio de 2014

Overdose !

Não é coisa que tenha surgido repentinamente,mas vem num crescendo e,devemos considerar que é normal em vista do momento.O difícil nisso tudo é aguentar a avalanche de noticias,reais muitas são,mas tem também uma enorme variedade de exageros e  arranjos ,lógico que para vender um produto que,a grosso modo,tem mercado cativo.Estou referindo aos jogadores da seleção e tudo que diz respeito à ela e a Copa em si.Há pouco tempo só se falava nos custos fantásticos e no legado que tal evento deixaria ou não,mas ,quanto mais se aproxima o dia de seu inicio,parece que as paixões contrárias ,mesmo que cheias de razões,se amenizam e passam a ver apenas como um espetáculo,que o é,de grandiosidade quase inigualável.A mim ,particularmente,não interessa nada e nem muda a minha forma de ver a coisa toda,saber que esse ou aquele jogador tem tal predicado ou quem é sua mãe e se sua irmã ou mulher é gata deslumbrante.O que espero,mesmo que não creia,é que apresentem jogos que se possa assistir sem bocejar,pois depois do apito inicial todos os jogos são iguais,o que os diferencia além de sua qualidade individual é o espetáculo que o circunda.Sabemos que há fantásticas somas de dinheiro investidos nesse contexto e também é do conhecimento geral que os 35 bilhões que é o custo  do evento , mais dia menos dia será pago por todos nós,ganhemos ou não tal título.Mas ,a encheção de saco,o exagero,o deslumbramento com nossos atletas e com alguns estrangeiros já cansou  e chega um  momento que aquilo que mais queremos é que ela,a Copa,acabe de uma vez,porque nas ruas,nas vitrines,nas televisões,tudo é só o que se vê e fala.Cansou,antes de começar.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Calmarias !

Nos primeiros dias é um choque atrás do outro,você não se encontra,está insatisfeito,aborrecido e sem saber o que fazer.Levanta,senta,pega um livro mas não consegue ler ,sai de casa e logo depois está de volta.De repente,numa manhã qualquer,quando já está se ambientando  e até meio que aceitando aquele desencontro que se instalou em sua vida,chove e está frio e você percebe meio que de forma longínqua,quase imaginária,que não há necessidade de sair,você não tem compromisso agendado e nem ponto para registrar.Levanta e quase sem se dar conta pega seu notebook e volta para a cama,abre a persiana e fica olhando fascinado o bater dos pingos d'água nos vidros e a força do vento querendo entrar.Ali,na moita, resolve muitas coisas que antes automaticamente saia para a rua para resolver e dorme mais um pouco.Levanta bem mais tarde,satisfeito e depois de sua rotina matinal,agora bem mais tarde,se dá conta que sua vida deu mais uma volta,mudou de novo,assim como havia acontecido quando saiu da casa de seus pais e foi morar só numa outra cidade e assim como ocorreu quando casou e se embrenhou por outros campos e outros caminhos bem diferentes daqueles até então percorridos e,também,quando descasou e sua ambientação começou a retornar as origens.Aquela antiga rotina dá lugar agora ao azáfama de se reorganizar e preparar e deixar tudo como entende que quer ou não quer. Subitamente você percebeu que entendeu e aceitou as mudanças que ocorreram e começa a gostar da aparente solidão,que é apenas aquilo que sempre buscou,uma quietude intrínseca a sua nova forma de encarar a vida e de vivê-la.Os outros,que sempre foram importantes,quem quer que sejam e muitas vezes foram prioritários começam a ser ocasionalmente importunos,incomodativos até,dependendo do momento.Você já chega na roda de amigos com outros assuntos e até o que bebe e come sofre mudanças.Uma outra pessoa está ali,não nasceu,apenas reviveu.Seu maior compromisso agora é com você mesmo,com sua forma de aproveitar  o tempo que lhe resta,seja breve ou seja longo,mas que seja vívido e vivido.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A puta !

Fazia um espaço de tempo relativamente elástico que não via e não falava com Maria Gládis. Desde os primeiros tempos de Água ,quando existia um grupo que se reunia invariavelmente as quintas feiras para se encontrar e jogar conversa fora.Nessas ocasiões sempre acontecia de vir à tona assuntos de ordem pessoal de algum dos participantes,buscando muitas vezes ajuda para encaminhar uma solução ou até o simples relato de algum fato ocorrido com alguém presente ou conhecido.Maria Gládis era,talvez,aquela que apresentava maiores peculiaridades,pois além de bonita e atreente ,usava sempre saias curtas ou jeans extremamente colantes.Dizia ela e não admitia ponderações que gostava de mostrar as pernas e não se importava que todo mundo a olhasse,pois considerava que eram suas pernas os elementos mais bonitos que possuía e o que é bonito tem de ser exposto,mostrado.Vários,senão todos tentaram algum tipo de aproximação com ela,algo mais voltado para um relacionamento emocional e a todos ela soube contornar e se manter dentro daquele espirito de camaradagem ,mesmo que nesse espirito houvesse todo o tipo  de liberdades de tratamento e de discussão de assuntos.Nosso grupo era heterogêneo e diversificado,com variações de formação que permitiu com o passar do tempo que todos se conhecessem,independente de estarem sempre presentes ou não.Mas Maria Gládis tinha uma peculiariedade que a distinguia de todos e isso a diferenciava.Suas perspectivas imediatas diziam respeito a trabalhar e ganhar o suficiente para viver bem e viajar bastante,conhecer outras culturas e outros mundos conforme dizia.Mas o que realmente a diferenciava e fazia dela quase uma incógnita era seu sonho maior,coisa que ela defendia veementemente e com convicção:o grande foco de Maria Gládis era ser puta,assim mesmo com todas as letras,coisa que algum tempo atrás era quase um escândalo.Em suas defesas sempre que provocada e estimulada a falar ela afirmava que a liberdade maior não era o direito de ir e vir ,mas sim o livre arbítrio do uso de seu corpo.Ela achava que tinha o direito de fazer sexo e de se relacionar intimamente com quem lhe aprouvesse e que lhe despertasse essa vontade,lógico que com aquiescência do parceiro.Agindo assim ,vão me chamar de puta,então puta é o que quero ser.Um dia Maria Gládis não apareceu,e no outro die e no outro e mais em todos ninguém mais soube dela,sumiu.Como no grupo ninguém sabia dos outros, quase  não era permitido intromissões pessoais na vida de cada um,também não havia como tentar contatá-la para saber o que estava acontecendo.Aos poucos ela foi deixando de ser citada e de ser lembrada  e inclusive o grupo foi se desmantelando até acabar de vez. Por isso tudo me surpreendi, quando almoçava em um shopping e, de repente, ela apareceu e sentou junto a mim.Após os abraços e beijos carinhosos e saudosos ela disse que de súbito,como dizem os paisanos,conheceu um cara,se apaixonou num dia e casou um mês depois.Tem duas filhas e é feliz.Ela mora em Buenos Aires e antes de levantar,faceira e debochada perguntou se eu não ia perguntar mais nada.Eu disse,e teu sonho maior?Ela respondeu que  ele continuava vivo e que viveria para sempre com ela,fosse realizado ou ficasse sempre um sonho.E rindo,feliz,deu um beijo e se foi. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A joqueta !

Me encanta o espetáculo de uma corrida de cavalos e sempre fiz disso minha razão maior de divertimento,de terapia até.Lógico que aposto,faço jogos e combinações inerentes ao próprio espetáculo,acerto e erro conscientemente ,mesmo que os valores utilizados não sejam lá grande coisa.Mas o desenrolar de uma prova ,e essa é uma coisa que acredito entender bastante,depende de uma série enorme de fatores,detalhes,técnica  e percepção de ação na hora exata.A interação entre o jóckey e o cavalo é fundamental para uma boa atuação,independente de ganhar ou perder,sem referir aos riscos inerentes à essa peripécia.Pois,nesta ultima quinta feira foi realizado o Ladies Day no JCRGS,ocasião em que alguns páreos fazem parte de um torneio e que os cavalos são montados e dirigidos por joquetas  de diversas nacionalidades,brasileiras,argentinas,peruanas,norte americanas,especialmente convidadas para a ocasião.Eram nove mulheres,profissionais e de atuação destacada em suas cidades e países de origem e detentoras de alta técnica na difícil arte de dirigir cavalos de corrida.Para quem não sabe basta imaginar uma corrida de F1 e colocar no lugar dos carros ,cavalos,na pista apropriada e tem ali toda a mostragem necessária.Uma das joquetas é um verdadeiro encanto de beleza e formosura e surgiu a oportunidade e tirei uma foto com ela. Belíssima ,atraente , gentil e muito educada,me abraçou com força na hora de fazer a pose ,logicamente eu retribui  a gentileza e perpetuei sua imagem num abraço e num  olhar de puro encantamento,onde,tive a breve imagem que vai se vitaliciar,de que havia naquele instante a mesma interação que exigia dela seu esforço e competência,eu fazia num átimo de segundo a complementação de tudo que ela sonhava.Nos despedimos,trocamos endereços de  mail,promessas de remeter a foto,sonhos duplos de encontros quando pela terra dela andar.Houve, de fato, um breve encontro de emoções que se chocaram,que se atraíram .Marcelle já foi embora e eu não mais a vi,mas fico imaginando na interação que existiria se ocorresse a carreira entre nós,quem seria o jóquei e quem seria o pilotado,quem montaria quem?Ela é muito linda e me encantou,devia ter dedicado à ela a música  Mulher Pequena,é bem assim.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Forrest caseiro!

Num primeiro momento até parecia uma história surrealista,uma daquelas histórias contadas algum tempo atrás quando ainda não estava em curso o franco e inexorável advento da internet,sendo que esta que hoje é uma realidade inquestionável e fantástica era a própria essência do surrealismo de então. Definíamos surrealismo como algo absolutamente inviável mas que se imaginava e ,vez por outra ,se sonhava com ele.De qualquer forma,para que não precisasse me beliscar para saber se era real ou então acordar se sonho ,o toque estridente do telefone confirmou e assegurava que algo estava acontecendo,ou iria acontecer em breve,na sequência .E foi exatamente assim,o toque do fone era apenas para confirmar que aquilo que ela havia dito antes estava se confirmando,ela,Mariana,estava chegando e em poucos minutos usaria a chave que ainda possuía e entraria em casa.Na verdade Mariana considerou sempre que aqui era seu canto, e suas idas e vindas,que rindo ela dizia se assemelhar a Jenny de Forrest Gump,faziamm parte da sua maneira de encarar a vida.Só que Jenny teve um filho e eu  não  queria mais um,mesmo que fosse com ela,mas a presença dela e sua estada sempre foi e sempre terá boa acolhida.Porque eu sei,que depois que sentar a poeira e seus anseios e suas dúvidas forem dirimidas pela minha atenção e pelo meu carinho e quando ela sentir que continua sendo e tendo amores intocáveis,precisa buscar novos ares,para assim conseguir equilibrar sua necessidade de paz  interior.Uma mulher interessante Mariana,uma mulher para ser amada  sem perguntas e sem questionamentos,pois assim também ela agia,não perguntava ,não avisava,apenas amava intensamente,como nunca ninguém amou ,como se fosse,e acabou sendo,um amor único e inquestionável,sem pejo nenhum de ser e agir assim.Mas ,e sempre tem um mas na vida de todo mundo,chega um momento que a perna cansa,porque o coração se aquietou e a cabeça obedece a ele.Então é chegada a hora de buscar a calmaria do amor maior ,aquele que sempre esteve presente nela e embalou todos os seus sonhos,mesmo nas horas de maior desencanto,como a única esperança real.Ela entrou,sentou e apenas disse que Mariana reviveu,aqui é meu canto,vou ficar aqui.Posso?Deve,eu disse.

sábado, 3 de maio de 2014

Polenta com molho de queijo!

Acredito que todos tem ,uns em maior número,outros nem tanto,histórias inacabadas e que  mesmo sem saber  ou sequer imaginar que final teriam,gostariam de ter tido a oportunidade de sentir no corpo e na alma as suas consequências.Existem também aquelas que se delinearam e que por razões diversas não tiveram sequência e não passaram de meros projetos.E,quando acontece de ter sido dessa forma não chegaram a gerar consequências que possam ser ditas como lembranças,pois isso só acontece quando há ou houve uma vivência que deixou rescaldo.Já comentei aqui que não acredito em saudade,que acho saudade mais  aplicável em letra de canções e em grandiosos sonetos,do que algo correspondente a um sentimento ou até que seja um sinônimo impreciso dele,por isso,essas histórias que por não terem sido vividas são sempre mal contadas,pois ao relembrá-las acrescentamos quase sem sentir coisas derivadas de um sentimento que tínhamos na época,e não raro alguma parte ainda subsiste como algo que não foi provado e portanto não sabemos seu gosto real,razão pela qual é indecifrável e sempre deixa um gostinho amargo na boca,ou no coração,talvez.Lembrei disso após reencontrar ,sem que tenha um visto o outro,uma pessoa a qual as coisas se engrenavam de uma maneira que tudo levava ao entendimento que deixaria grandes lembranças quando acabasse e que poderia até não acabar e ser então a lembrança sempre presente da própria presença.E como pensamento tem visão comprida e se expande sem que tenhamos controle,surgiram outros devaneios não vividos,e uns mais aproximados da realidade e de repente estava pensando e recordando,portanto tendo lembranças ,da fulana,da beltrana,da minha prima,que é a razão maior de toda a pessoa inesquecível,de coisas de fato vividas.Tudo começou a se tornar muito próximo e verdadeiro,muito real e logo daria alguma comichão que se transformaria em dor.A melhor solução foi chamar o garçom,e relembrando o Água Doce,dizer,me traz por favor uma caipira de cachaça velha,com polenta frita e molho de queijo.