Eles se chamavam por nomes que eram coisas específicas a privacidade de ambos.Não interessava a ninguém,no entender deles,que qualquer outra pessoa tivesse conhecimento do porque de tudo que os envolvia.Carla o chamava de Tio e Roger quando a questionava dizia Mia,as vezes debochando que era porque a achava a verdadeira gata,meiga,carinhosa e envolvente e vetor dominante em qualquer relacionamento.Ela sabia que era exatamente isso mas não permitia que fosse ofuscada a presença dele,que era tão importante para ela quanto a dela para ele.Na verdade,se entendiam,andavam juntos e não ficavam um dia sem se falarem.E não passava disso,mesmo que volta e meia ela dormisse na casa dele ou ele na dela,sempre em camas separadas e sem que houvesse envolvimento sexual.Se diziam amigos de fato,e o eram realmente.Tio era,e é,bem mais velho que Mia,tem na verdade um pouco mais que o dobro da idade dela,mas quando estavam juntos isso não contava,era como se as idades fossem as mesmas,ou quase.Quando conversavam sobre o passado recente costumavam dar risadas,pois sequer sabiam exatamente como haviam se conhecido e se aproximado e nem onde isso tinha acontecido.O importante ,diziam,é que gostavam de estar juntos,numa amizade não colorida,mas que se tornava cada dia mais importante,mais fundamental.Tio vinha de um relacionamento fracassado e doloroso e dolorido na separação,Mia era virgem em relacionamentos sérios e que tivessem durado mais que um breve tempo.Ele costumava afirmar que quando se encontravam,e isso estava acontecendo a miúde,ambos entravam para dentro de seu ovo e fechavam a casca por dentro,ninguém os via e eles não enxergavam nada nem ninguém,eram exclusivos um do outro.Tinha receio de que ,por motivos individuais e superiores isso acabasse um dia,breve ou não.Mas tudo sofre mudanças com o decorrer do tempo e uma noite em que Mia dormia na casa de Tio,lá pela meia madrugada ela entrou no quarto dele e ,como se tivesse sentido a presença dela,ele acordou e ela perguntou se podia deitar junto dele,estava nervosa e insegura.Foi algo inesperado para o momento,mesmo que antes houvesse tido alguma expectativa para o fato,mas mesmo assim ele retrucou se queria que ele a levasse para sua cama e a acalmasse conversando e contando suas histórias ,das quais ela tanto gostava.Ela disse que não,queria e precisava deitar ali ,na cama dele.Ele assentiu e ela deitou e como um imã poderoso se encostaram e se abraçaram e nunca mais dormiram separados.
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