quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O retorno !

No tempo que Elisa frequentava os mesmos espaços que eu,quer dizer,fazia parte da minha vida,houve um período em que a sintonia era tão intensa,que tudo acontecia de uma forma tão natural que nem nos damos conta e sequer pensamos mais adiante,valia só aquele momento mágico da cumplicidade e da ausência de senões.Mas,mais cedo ou mais tarde eles aparecem e tudo se torna mais real,mais humano, digamos assim,já que cada um tem suas preferências e suas virtudes e ,também seus defeitos e esses são os senões.A aceitação desse conjunto e a adaptação de viver com ele é que determina a continuidade do relacionamento,que,aliado a todos os outros fatores que tem de deixar de serem individuais para que tudo funcione como sempre se quer.Entretanto ,nem sempre a coisa toda se processa dessa forma e logo um final se desenha e começa a se tornar mais presente,até que chega o dia do até mais ver.Se for possível ir cada um para seu lado sem mágoas é porque foi positivo e ,parece para mim,que aconteceu assim entre nós dois,Elisa e eu.Ela foi procurar outros caminhos e não tenho a menor ideia se os achou e neles andou,só sei que meu ela levou alguma coisa,inclusive a chave do meu apto.que nunca lembramos de falar em devolução.Elisa deixou um monte de coisas dela,desde roupas intimas até uma carteira com alguns trocados,que sequer pensei em usar e ficaram como lembranças.O valor que havia nessa carteira pagaria um bom jantar para dois em algum restaurante de bom nível,mas isso sequer me passou pela cabeça,como se agindo inconscientemente aguardasse que ela viesse buscar algum dia.Até esse detalhe foi esquecido e outros relacionamentos ocorreram,nada que tivesse a intensidade e a entrega do tempo dela e também nem lembrava de Elisa,só lá de vez em quando em momentos inadequados.Por isso fiquei surpreso quando ao chegar em casa encontrei a porta gradeada do apto apenas encostada,aberta portanto.Mesmo surpreso não me antenei muito no fato,tem ocasiões que a gente sai com pressa e esquece algo,já me ocorreu de deixar o fogão aceso cozinhando e teve de ser invadido o apto pela janela para apagar um incendio que se fazia latente.Peguei minha chave e abri a porta,Elisa estava sentada  em minha cadeira preferida,algumas malas espalhadas por ali e com a bolsa no colo procurava algo.Apenas me disse,quanto tempo e eu respondi,é mesmo,faz um século.Tive a impressão que os olhos dela irradiavam felicidade e acho que fiquei muito alegre,acho.

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