Acho que é uma espécie de auto defesa,algo elaborado e exercido para proteção ,que as pessoas,muitas,nem todas,criam mecanismos que se manifestam na hora de agirem e se agarram com unhas e dentes aqueles artifícios.Essa carapaça cria a ilusão de que as torna imunes à coisas que possam atingi-las através de seu lado mais vulnerável,que só elas mesmas acreditam que conhecem.E isso de uma forma geral acontece e funciona razoavelmente até o momento que chega alguém e as atinge inesperadamente, logo naquele ponto que era considerado a fortaleza e o sustentáculo de toda a estrutura dela.Conheço alguém que se considerava inserida nessa dinâmica e mesmo que não se considerasse plenamente feliz tinha um estilo de vida que dava sustentação a essa nem tão verdade e nem tão enganosa situação.E tanto ela acreditava em tais premissas que quando alguém a atingiu pelo seu lado até então inexpugnável ,ela meio que se sentiu baratinada e sem defesas,pois não esperava ,foi pega e atingida de surpresa.Não havia desenvolvido defesas para aquilo e nem podia se atirar de olhos fechados nessa ,digamos,quase aventura.Ela foi atingida na sua índole mais entranhada,naquilo que raramente deixava vir à tona,na sua doçura,no seu carinho contagiante,na sua verdadeira forma de amar e de se dar,se entregar sem culpas e sem cobranças,pelo simples e intrínseco prazer de amar sendo amada.Era algo novo e impensável e toda coisa nova produz mudanças,reações e muitas dúvidas,perguntas que as vezes levam algum tempo a terem respostas.Então ,por exigirem soluções de algo que está solucionado justamente por não ter solução se exasperam,retornam ao abrigo antigo, mas este deixou de ser abrigo,não existe mais.Até se adequar a isso tudo haverá momentos alternados de euforia e depressão,até se dar conta que é possível,saudável e muitas vezes recomendável, uma vida paralela,que ,essa sim,será seu sustentáculo para tudo,principalmente se existe uma troca infinita de coisas que se complementam.
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