segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Confissões desconhecidas !

Faz sentido quando os estudiosos dos assuntos que dizem respeito a inter relações caseiras afirmam que o diálogo, ou simplesmente a conversa, está se tornando escassa ou até inexistente em grande número de conjuntos familiares.Não só entre pais e filhos,mas bastante acentuado nos pares que formam a base estrutural de uma família.Para verificar basta dar uma volta em bares,parques,locais onde existe ajuntamento de pessoas,quer sejam conhecidos ou não.Talvez um dos locais que mais caracterize essa situação toda seja  uma fila qualquer,num banco,numa lotérica.Dia desses estava em uma delas,numa  de lotérica,e quando nelas  e são muito extensas ou demoradas, invariavelmente converso com qualquer um que esteja a frente ou depois e que se disponha a tal.De um modo geral todos dão trela a vontade e expõem suas razões e suas idéias para aquilo que certamente os está de alguma forma incomodando,já que ninguém fala de coisas que os faça alegres ou felizes,com exceção de cães e gatos,claro.Estes são,atualmente,os encantos de todos os donos,cada um deles ,dos cães e gatos,pela palavra de seus acompanhantes,já que na verdade são exatamente isso,são geniais e extremamente compreensivos e carinhosos,só falta falarem, se sé que já não o fazem.Mas ,voltando ao caput,puxei conversa com uma moça,e aí vou dar um refresco para ela,vou chamá-la de moça, mas deve ter uns 35/36 anos,e se não é exatamente uma moça  velha também não é,mais provável uma pré coroa.Mas a conversa   foi derivando de fila para eleição e para mensalão e para outros assuntos até chegar ao ponto que referi,o diálogo familiar.De repente ela estava contando coisas que aconteciam com ela dentro de seu lar,sua residência,mas era justamente ali que não estava encontrando espaço para se comunicar,para trocar idéias,para discutir algo relacionado ao que interessava ao grupo familiar.  As decisões,disse ela, se sucediam de forma unilateral e estavam causando desencontros,choques pequenos  mas que tendiam a crescer.Fiquei sabendo eu ,um estranho para ela,de coisas que sei lá para quem ela se queixava e se a ouviam,mas que condições teria de opinar sobre algo desconhecido ,mesmo considerando que eu seja intrometido?Acho ,de fato,que ela queria mesmo é alguém para a escutar,para dizer sim,entendo,você fez o certo,coisas assim.E,a gente fica pasmo,em questão de meia hora já eramos quase íntimos,não no sentido extremado,mas tínhamos uma intimidade de conhecimentos que permitia vislumbrar seu modus vivendi e até seu modus operandi.Fiquei com a impressão que ali surgiu para ela a oportunidade de desabafar,demonstrar sua insatisfação e seu desconforto,que mesmo sendo contado para um alheio serviria para ela como um bálsamo que a aliviaria,um desabafo.De repente ela arregalou os olhos e pediu desculpas por ter exposto dessa forma seus problemas,mas estava já atrasada e tinha de ir.Desculpa viu,um beijinho em cada lado do rosto e tchau.Eu paguei a água mineral.A dela sem e a minha com gás.

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