quarta-feira, 23 de abril de 2014

O preço do tempo !

Andressa,esse era o nome dela,ou é acredito,morava num apartamento cujo pavimento  era equivalente ao meu  e a distância que separava os blocos permitia algumas visualizações de parte a parte.Aconteciam abanicos,sorrisos,olhares compridos e uma que outra demonstração de satisfação quando nos víamos.E eu tinha a nítida impressão de que era,de certa forma,monitorado,controlado.De fato eu achava que estava agradando e pouco a pouco tentava me aproximar dela.Andressa é um pouquinho mais alta que eu,bem na medida que aprecio,onde certas posições se tornam mais flexíveis e interessantes por esse motivo,era bonita,bem bonita,loira de cabelos longos cor de trigo maduro,pernas esguias e bem torneadas,morava  junto com a irmã .Um dia,quase uma surpresa,ela fez sinal que queria falar comigo e indicou um local para encontro imediato.Fui até lá com um certo que de ansiedade e ela já me esperava quando cheguei e fui então convidado para seu aniversário que seria comemorado dali uns dias e que seria coisa bastante intima.Cada vez a coisa tomava um rumo mais interessante ,tanto é que escolhi a melhor roupa ,passei,limpei bem e até camisa nova comprei,afinal eu tinha que me apresentar devidamente "pilchado".Chegou o dia e bem vestido e com o aroma especial do Visit da Azzaro,que é o perfume que uso apenas em ocasiões especialíssimas,fui para a festa não sem antes sobraçar um ramalhete de rosas enfeitadas com alfazemas,gosto muito de alfazemas.Naquele espaço de dias e depois de horas ,até chegar a porta do apto. de Andressa ,mil elucubrações foram feitas,mil frases decoradas,milhares de situações imaginadas e desfeitas para serem substituídas por outras.A porta se abriu e me recebeu a aniversariante,que depois de um selinho inocente agradeceu as flores e elogiou o bom gosto meu.Eu começava a gostar mais ainda quando ela me acompanhou até a sala e disse que para eu não ficar um pouco deslocado ou entediado ela e a irmã tinham mandado vir do interior a mãe delas para me fazer companhia.Bem,é quase impossível descrever a revolução mental que se tem de fazer para abraçar uma situação dessas.
Na verdade,acredito que a imensa maioria das pessoas sempre procura tergiversar quando se trata do tempo que passou em relação a aspectos físicos e fisionômicos,evitando uma análise qualitativa do ontem com o hoje.Num primeiro momento,quando ocorre a consciência inicial , a equação filosófica pessoal montada joga a coisa para o lado ,como querendo esquecê-la ou fazer de conta que não é real.Mas tanto é repetida e cada vez mais amiúde que chega a hora que encaramos o monstro de frente.O tempo não perdoa,e costumamos dizer que o tempo passa,mas quem passa somos nós,o tempo apenas faz a volta.Não houve uma surpresa assustadora,mas acho que sim um reconhecimento de que estamos de fato passando,quando uma pessoa que conheço há tempos ,acho que até sem querer,disse que eu era muito bonito quando moço.E agora sou o que?Deixa assim,é melhor,mais adequado .

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