sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma taça de vinho?

O médico falou que estou com sério problema de "Incontinência dualizadora visual ",coisa que talvez explique te ver em qualquer pessoa que tenha algum tipo de parecência ao ponto de se dirigir e falar com pessoas que surpresas recebem a desculpa : me enganei,confundi com outra.Por isso ,para não correr riscos que podem ser evitados e para dar as devidas boas vindas ao frio resgatei de seu suporte as duas taças e as enchi de vinho,chileno claro,e aí não  tem como deixar de imaginar tu do outro lado da tua taça. Mas sem problema, eu tomo as duas e azar o teu por perder essa delícia,enquanto as lembranças vão se sucedendo e pouco a pouco começam a dar lugar a coisas mais imediatas e mais próximas,ficando mais difusas,mais entrecortadas e vão sendo guardadas no baú do passado.Essa tal Incontinência,que nada mais é que a ausência explicíta de contraponto a coisas específicas difere fundamentalmente de todos os outros tipos por não ser passível de medicação,sendo o único remédio encontrar e aceitar que outro alguém substitua a imagem dualizada.Parece relativamente fácil e talvez o seja para quem não tem um passado de vivências ternas e intensas,para quem não tenha superado todas as fases também dualizadas do conquistar e do ser conquistado,do dar e receber sem mensurar,sem pedir.Na presença de quase tudo e na ausência de muito, um bom vinho é um ótimo compranheiro, que mesmo não tendo o prazer do toque tem o sabor aconchegante ,tem um cheiro diverso do teu,mas aí já é outra coisa,teu cheiro é incomparável.Tim tim!

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