quarta-feira, 2 de maio de 2012

C'est la vie !

No duro mesmo,botando os pingos nos iii,já fazia um tempo razoável em que nada se encaixava para ela.E sempre aguentando tudo calada,sem reclamar,uma verdadeira e moderna Amélia ,que desabafava nem era num diário,mas em um rascunho eletrônico,algo que ela inventou e ao qual ninguém tinha acesso.Mas aquela quinta tinha extrapolado todos os limites,choviam queixumes e reclamações de que andava sempre mal humorada e não procurava mais ninguém.Ainda bem que no trabalho se saia muito bem,tudo que ela fazia era muito bom e dava excelentes resultados,só que aquilo que criava e executava fazia muito bem para os outros,não para ela,mas era essa sua função.Mas chega uma hora que a gente faz a pergunta que sintetiza tudo: e eu?que sobra para mim?a satisfação de ajudar aqueles que a procuravam já não a satisfazia totalmente,necessitava com urgência de um complemento para si mesma,era vital se sentir feliz,não apenas útil.Fazia tempo que não se reunia com as amigas e amigos e jogava conversa fora,bebericava algo e riam,riam muito.Mas desde que aquela série de acontecimentos,que fazia força para esquecer e evitava ao máximo lembrar,a separaram daquele que a compreendia,a amparava e muitas vezes a carregava no colo,literalmente e eufemisticamente falando,a coisa toda mudou.De repente se sentiu perdida, sozinha e cada dia mais amarga,seu mundo tinha se evaporado sem motivos,sem ter sequer tempo de perceber.Talvez por todas essas razões começou a falar explicando que não tinha porque se queixar de ninguém,que todos a queriam bem,mas que não conseguia entender e não aceitava o porque desse abismo que se abriu a sua frente e do qual não estava conseguindo ultrapassar.E só Deus sabe,continuou,como tenho tentado.Nenhum de seus amigos ali naquele momento teria coragem de dizer algo,todos sabiam de suas agruras e nada poderiam fazer,e estavam proibidos por ela de sentir pena.E Clara continuava contando coisas,de vez em quando  se repetindo, de vez em quando atropelando as palavras,mas sobretudo demonstrando que não queria se entregar,que acreditava,em que, nem ela sabia,mas tinha fé.De repente,sem que ninguém percebesse,uma pessoa que estava as costas deles e um pouco afastada,levantou-se e se achegou ao grupo,postando-se nas costas de Clara.Quando o olharam surpresos,ele simplesmente disse,dirigindo-se a ela,preciso falar com você,tenho um ano de coisas para lhe contar e dizer.Ela virou-se atônita e não pode falar,apenas abraçou-se  a ele,engasgada e surpresa.Todos levantaram e saíram ,nada poderiam dizer  era melhor deixá-los sós .É ,disse um deles,a vida não tem só surpresas e se elas acontecem é porque nós as queremos.

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