Eu sei que a orientação que passam os ditos entendidos, é que não se deve reagir em hipótese alguma,quando sofremos um assalto ou sequestro .Tenho a impressão que ,no meu entendimento pessoal, é algo que não foi assimilado e muito menos aceito.Não houve concordância.E,deve ser por essas razões que reagi quando fui assaltado.Foi algo inerente,sem controle,está no sangue a reação automática,a resolução do problema sem recorrer a ninguém,pelos próprios meios,até porque além de não ter como buscar auxilio na hora,os outros sempre demoram mais que o necessário.No duro mesmo,acho que sou eu mesmo que descasco a fruta que quero comer.E briguei,bati e apanhei,fui roubado e agredido,mas quando me senti livre senti o doce sabor do dever cumprido,dever pessoal,um tipo de auto satisfação que tranquiliza os efeitos das perdas materiais e das machucaduras que sobraram.De todo o sufoco ,duas coisas acabaram por se tornarem as mais marcantes.A dificuldade de encontrar algum tipo de auxilio ,de qualquer auxilio,as pessoas te evitam,demonstram claramente que não querem se envolver .E a outra,a que me causa boas risadas até hoje ( o ocorrido já faz algum tempo )é quando fui registrar queixa na policia,para poder solicitar novos documentos e bloquear cartões,essas coisas. Foi de dar risada o espanto demonstrado pela moça que fazia o registro da ocorrência,quando solicitei a ela que desse ênfase nas anotações ao fato de que entre os pertences levados,eu não dava grande valor ao dinheiro,ou aos documentos ou cartões de crédito,mas sim,que grifasse, que junto foi um jogo da mega sena acumulada e que sofreria extração a posteriori,pois o mesmo vá lá que desse aqueles números.A atendente me olhou como se eu estivesse delirando,pois ali,machucado e vulnerável,todo o assaltado se sente vulnerável,indefeso,e eu querendo de volta um pretenso bilhete de loteria que dificilmente seria premiado.Ela engoliu em seco,mas anotou.E a não foi daquela vez que a mega saiu para mim.
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