sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Malena.....Malena.......

Ela não perguntou se eu era eu,ela afirmou como quem não tinha nenhuma dúvida,como se me conhecesse há muito tempo,ou até sempre tivesse me conhecido.Há muito tempo esperava ter essa ocasião,continuou ela,até havia tempos que deixava de acreditar que te encontraria.Daqui há pouco vou te dizer meu nome e então vais deixar de pensar quem é essa doida que chega assim de repente com coisas inexplicáveis.Ela disse que tinha 43 anos,estava casada há  18 anos e tinha dois filhos adolescentes e que era feliz,mas quando eu tinha 7 anos,continuou falando calmamente , tu disse que quando eu crescesse casaria comigo,assim na lata ,me surpreendendo.Meu nome é Malena,lembra de mim?Meu disco rígido girou no tempo e lembrei de Malena,afinal com tal nome só havia conhecido uma pessoa,criança ,irmã de um amigo na casa de quem passei uns dias numa cidade do interior ,lá nos tempos de colégio.Não lembrava da promessa,mas deve ter sido essas coisas que se diz para agradar a caçula de uma casa que se visita e na qual estamos hospedados ,e mesmo não havia razão para duvidar daquilo que ela afirmava.Malena foi adiante e contou que a partir do momento que eu falei que casaria com ela quando fosse adulta ou quase,passou a viver um sonho,sonho que durou anos e anos ,sempre encontrando uma desculpa  porque não se realizava,e na cabeça primeiro de uma criança,depois de uma adolescente infantil,continuava acreditando que amanhã eu apareceria e casaria com ela.Tu não imagina ,disse ela,os sonhos que vão na cabeça de uma menina,a coisa mais pura e mais bonita.Nunca mais tive sonhos assim,até porque a realidade se fez mais presente,mas que foi um tempo mágico, foi fantásticamente lindo.Malena ainda disse,antes de ir,que morava na mesma casa e na mesma cidade daquele tempo,que se formou em Nutrição e trabalha  no hospital da cidade.Com a idade que ela disse que tinha estava muito bem,melhor que muita gente mais jovem,de fato uma mulher muito interessante.Pouco falei,quase que só ela ,fiquei como há muito tempo não ficava,abobado,sem palavras e acho agora que não havia muito o que dizer,era uma situação sui generis,absolutamente atípica.Depois que ela saiu a primeira coisa que fiz foi pedir outra caipira,para ajudar os pensamentos a se acomodarem,não se atropelarem.Um caso assim causa  um alvoroço,um certo rebuliço e uma preocupação,no caso tardia,ao se saber que fez parte da vida e dos sentimentos intímos de uma menina ,criança,adolescente e isso leva a perguntas e indagações que transportam a responsabidade sobre o que se diz e a quem.É até comum que muitas vêzes palavras ditas quase ao vento,para brincar,para agradar,sejam interpretadas de forma diferente por quem as escuta e adquirem então outro significado e podem se tornar extremamente importantes para elas.O devaneio de Malena foi mais que um sonho para ela porque de certa forma era palpável e,apesar de tudo,produz uma satisfação bastante agradável saber ,depois de tanto tempo,que foi mais uma que  se ajudou a ser feliz,o que não é pouco.

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