quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Numa tarde qualquer...

Se tivesse sido algo planejado e exaustivamente ensaiado não teria sido tão perfeito e tão bem executado em seus mínimos detalhes.Estava ele em seu local habitual entretido com um bom livro,sempre lia livros escolhidos com atenção,quando levantou os olhos sem nada que lhe despertasse atenção,talvez um alerta instintivo,deu de cara com ela a lhe encarar,ela que passava a sua frente e que não parecia surpresa em vê-lo,talvez porque já o tivesse visto por ali e talvez até estivesse passando ali na tentativa de vê-lo novamente.Quem pode dizer que sim ou que não?Quem consegue decifrar mistérios íntimos que surgem sem razão?Ela já havia ultrapassado sua linha de visão quando abruptamente retornou e se dirigiu à ele:estás usando minha aliança,pode devolver?Pego de surpresa,ele que em sua mente a admirava e não pensava em mais nada,estendeu o braço para que ela própria a retirasse,quando voltando à este mundo notou que ela usava a gargantilha com as iniciais dela e que lhe havia dado um momento qualquer,certamente importante, já mesmo que todos os momentos tenham sido assim. Com licença disse a ela e com as mãos rodeou seu pescoço para desengatar o mimo.Estava nesse afazer ,meio embaralhado,rostos muito próximos quando ela virou o seu e não foi possível segurar e a beijou,na boca,nos lábios,com ânsia,com paixão e sem se  importar com nada mais.Ela correspondeu sem nem pensar,apenas viveu e se entregou ao  momento do qual quando  lembrava  sentia uma nostalgia infinita.Foi rápido mas foi intenso e quando interromperam ele colocou novamente a bendita gargantilha em seu pescoço,talvez na esperança de que ela de novo virasse o rosto,mas ela não o fez.A fulana(nada de nomes) se afastou de repente completamente extasiada e perdida,não sabia sequer onde estava e o que teria vindo fazer ali e desapareceu no meio de outras pessoas que ali circulavam e curtiam seus cachorros.Ele,também surpreso, perdeu o interesse por leitura,livros,calmaria e tudo mais que aquele local proporcionava.Precisava ficar só e quieto para por em ordem suas inquietações.Esperou algum tempo,tentando prescrutar onde ela havia se metido e pegou suas coisas e foi embora em direção ao carro.Quando lá chegou abriu a porta e a viu sentada no mesmo lugar que sempre tinha sido dela.Lembrou de passagem que ela nunca devolveu a chave do carro que ficava em seu poder.De novo surpreendido a olhou sem nada falar quando ela disse:vamos lá em casa,é bom conversarmos,aquele é bom soando como é necessário que conversemos,algumas explicações tem de vir à tona.Cerca de quatro horas depois,já quase madrugada,quando chegou em casa ele pensava e concluía que sempre que o coração se interpõe e toma para si as decisões relativas a ele mesmo o faz com sabedoria e com simplicidade,sem complicar aquilo que não há necessidade de ser dificultado,apenas muitas vezes nossa arrogância ou pedantismo faz ser diferente.

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