É apenas uma questão de coerência o posicionamento que defendo de que toda a pessoa deve ser uma permanente metamorfose ambulante,sem que isso signifique que forçosamente amanhã sejamos diferentes ou até o oposto de hoje.Não é bem por aí,mas sim que tenhamos a mente sempre aberta e preparada para mudanças,para pensar diferente e para agir,então sim,sempre de acordo com aquilo que defendemos.Se hoje amamos Joana e amanhã já é Francisca a amada ( nomes fictícios,sem assanhamentos),o importante não é o nome de quem se ama,mas o amor que se tem por outra pessoa que por algum motivo inexplicável já não é a mesma e a capacidade que temos de transferir nossos sentimentos.Fiz esse preâmbulo porque constatei que essas metamorfoses são uma coisa intrínseca a nós mesmos,que estamos sujeitos a ação delas e que não muito raramente nos submetemos a suas quase deliberações.Por isso não me surpreendi e sequer questionei quando por acaso ao remexer em alguns escritos deparei com uma foto de alguém que faz pouco era tudo e ao encará-la agora me veio a pergunta ,aquela que mesmo calada está sempre presente:esse rosto bonito e esse corpo enxuto e desejável talvez seja o mesmo,mas a pessoa ,aquela que fazia parte de todos os meus planos,será que ainda é a mesma?Com as vivências que teve,com as interações e com todas as trocas,decisões,vitórias e decepções que ocorreram nesse tempo de afastamento,será que é a mesma então idolatrada?Certamente não será , se novamente encontrada,se for é robô,pois é humanamente impossível não sofrer influências,não ceder vez que outra,não deixar algo passar num momento de fraqueza ou de tédio ou até um repentino desinteresse.Olhei longamente a foto dela e a retornei ao álbum,concluindo que é mais aconselhável lá deixá-la,para guardar também lá as imagens e as lembranças inesquecíveis de um tempo que foi vivido com intensidade sempre no limite,mas que por mais bonitas que tenham sido devem sofrer uma metamorfose e assim dar lugar à outras.Não liga ,sei que irá ligar,mas cést la vie,cést la nature.
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